quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Tempo, Caminhos e Sensações: Vida e Morte

Nada é mais generoso e cruel; previsível e imprevisível como o tempo... Talvez o que eu esteja tentando pensar é sobre o tempo que passa pelos ponteiros do relógio, mas não é apenas isso... É o tempo contado pelos ponteiros dos relógios e quando se vê, passaram-se dias, meses, anos, décadas... É o tempo que se mostra no ritmo do meu corpo, no reflexo de minha imagem... E todo esse tempo de nossa vida é de esperas, decepções, alegrias, sorrisos, choros, presenças e ausências. Esse mesmo tempo que me traz amadurecimento, marcas em meu rosto, marcas na minha existência. Amadurecimento este, que faz com que eu não me importe mais se algumas pessoas decidiram se ausentar da minha vida ou me afastar da vida delas. Se alguém se ausenta é por quê nunca tive importância, e se alguém me afasta é por quê sou indesável. Sei que isso não é odiar, pois acredito muito que o ódio está muito próximo do amor. Isso nada mais é do que indiferença. Particularmente, não gosto de indiferentes. indiferentes não amam, não sentem paixão, nunca querem, apenas aceitam. Indiferentes, agem com uma morbidez impressionante e isto pode ser danoso... 

Talvez por não ser indiferente é que não tenho medo de mudar, pois acredito que tudo e qualquer pessoa, seja passível de mudança (a não ser retirar um cadáver de um caixão e dar-lhe a vida novamente. Isto sim, é evidentemente, impossível). Sou sonhadora ou sou guerreira? Não sei. Acho que sou um misto dos dois.

Tempo me lembra caminhos... Penso que não temos um caminho único a ser percorrido na vida. Vejo a estrada com várias setas indicativas: "caminho árduo, mas vale a pena", "por aqui é mais fácil, a estrada é excelente, mas ela segue sempre em linha reta, é tediosa!" E assim vivemos: caminhando e escolhendo caminhos e qual a ser percorrido, depende exclusivamente de nós. Nós temos o poder de escolha. Uma pena que muita gente prefira o da estrada em linha reta, pacata, sem novidades, sem emoções. O que não é diferente de a estrada terminar em um precipício e quando percebe-se que está caindo, o arrependimento... Ah... tarde demais.

Há também os que caminham descalço até sangrar os pés, mas continuam, persistem. Há os que caminham em volta de um círculo, sem ter coragem de dar um passo fora dele. E também, os que caminham com muletas sem a necessidade delas, pois se acham fracos demais para seguirem sozinhos... Desconhecem o poder da coragem, de colocar a cara a tapa, de expor o rosto ao vento, ao sol, à chuva, ao calor, ao frio: ceder às sensações.

Sensações podem ser ruins, podem ser boas... mas evitar senti-las, é procurar a morte em vida, é decidir enfrentar o estado vegetativo da alma. Alma pra mim, foge do sentido simplista com que é colocado por dogmas. Alma sou eu, o que me anima, o que me faz seguir em frente. Alma é uma composição de experiências, vivências futuras, sonhos e desejos. Alma é amor, é paixão, é ódio também, que geralmente, não prevalece nas pessoas de boa índole. Enfim, tudo que se pensa, que se deseja, se vivenciou, se vivencia e se vivenciará.

O que é melhor para você?
Vegetar na espera do tempo e ver seu olhar se desconfigurando diante do espelho, borrado e apagado?

Ir pela mesma estrada pacata se protegendo das sensações, do frio, do calor, do sol e da chuva?

Usar muletas, andar em círculo, sem um pingo de coragem de largá-las para perceber a beleza existente lá fora?

Sabe, eu prefiro olhar meu reflexo no espelho - envelhecido a cada segundo - e pelo menos, saber que meus olhos dizem: EU TENTEI... Prefiro um caminho árduo que pode me proporcionar belezas inimagináveis e quando chegar à exaustão, parar e dizer: "Nossa, como isso valeu a pena!". Quero que o sol, a chuva, o vento queimem meu rosto, mas continuar descobrindo as intermináveis sensações por simplesmente, ter CORAGEM...

E quando eu souber que a vida não me dará mais caminhos, que é fim de linha, partir sorrindo e pensar: tudo que fiz foi por amor, foi por escolha e decisões minhas. Errei sim, mas muitas vezes, acertei em cheio. Posso não agir como algumas pessoas desejam, mas meu caminho é da verdade, mesmo que me seja árdua, que me custe caro, que me sobre antipatias, impressões errôenas; que me machuque e que eu leve comigo quando partir. Ainda prefiro assim... Minha existência não é uma mentira... Sinto muito pelos que não aguentam a verdade dela e brincam com isso. A vida já me mostrou que não vim ao mundo para brincar com ela. Cheguei para lutar, sobreviver e sobretudo, VIVER. Não é de meu desejo tornar minha existência vegetativa. Muitas vezes, procurando acertar, erro também. E quase sempre, nossos acertos se tornam erros pela covardia alheia, pelos mórbidos INDIFERENTES. Os mesmos que acham que nossos erros são perfeitos e não conseguem enxergar as coisas com a delicadeza necessária.

Por muito tempo em minha vida, acreditei ser um erro. Hoje eu vejo que sou acerto. Sou verdadeira, sou objetiva, não brinco com a vida. Sobrevivo diante dos que tentam me fazer desistir, dos que tentam morbidamente fazer de meu sofrimento, o seu prazer. Melhor do que brincar com a vida (e o que é mais preocupante: brincar com a vida dos outros) é brincar DE vida... 

Mesmo lentamente, absorvo experiências, sabendo que posso me ferir ou fazer com que perceba o que há de maravilhoso, o que valeu e vale a pena. O quanto posso me tornar grande diante dos olhos de quem nada significo. Para isso, só preciso de pessoas dispostas para me entender, para me amar e para estarem ao meu lado, reconhecer meus acertos sem me culpar pelo resto da vida, pelos meus erros... Estas, eu sei que são poucas. Mas elas existem ainda...

Esta postagem surgiu após encontrar coisas antigas, dentre manuscritos, sonhos, fotografias envelhecidas... Não acredito que seja saudosismo. Apenas uma reflexão em cima do que andei pensando durante o dia...

Revendo manuscritos, encontrei isso:

"Parte de mim
quer ser sua.
E então procuro
Sua voz
Que viaja por lembranças...
E vejo seus sussurros
Ouço seu olhar
Me dizendo que me deseja
Não sei, não entendo...
Mesmo assim,
Gosto de ouvir
O seu olhar me desejar..." (1992)

"Garotas em um barco" de Claude Monet



Vander Lee - Aquela Estrela



Para terminar, quero dizer que este blog é despretensioso. Não tenho a menor intenção do exibicionismo, nem penso que isso me trará status. Não tenho e não preciso de status. 

Falo de tantas coisas. E essas tantas coisas podem causar mais indiferença que amor... Não estou pedindo aqui, para ser amada, nem odiada. Apenas uma forma que encontrei para expor meus pensamentos e sentimentos. Não sou escritora, não sou filósofa, sou apenas humana. 

Humanidade: talvez seja apenas isso que torne pessoas interessantes...


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